terça-feira, 27 de novembro de 2018

CONVERSA DE PISTA.
Por Wagner Gonzalez*

HAMILTON VENCE, GRID DEFINIDO.


Lewis Hamilton

Pietro Fittipaldi testa hoje em Abi Dhabi pela equipe Haas


Menos de 48 horas após a vitória de Lewis Hamilton na última prova de 2018, todas as equipes que disputam a F-1 voltam ao traçado de Abu Dhabi para testes de pneus e avaliação de novos nomes, alguns deles já confirmados para a vaga de pilotos de testes, caso de Pietro Fittipaldi.  Ontem o norte-americano Jimmie Johnson, astro da Nascar, andou em um McLaren MP4/28 (modelo equipado com motor Mercedes) e cedeu seu Stock Car para Fernando Alonso completar algumas voltas pela pista de 5.554 metros.  Os testes se estendem até amanhã e configuram a última atividade de pista da categoria até fevereiro, quando acontecem os primeiros testes de inverno, em Barcelona, entre os dias 18 e 21.

Jimmie Johnson andou com um McLaren MP4/28-Mercedes, carro usado na temporada. Foto: F1.COM.

A agenda de trabalho dos testes desta semana deverá escapar pouco da avaliação de pneus e novos recrutas: as equipes só poderão usar carros em configurações utilizadas durante a temporada, o que exclui soluções que serão impostas em 2019, em especial as novas asas dianteiras e traseiras. Por esse motivo chamou atenção a alteração feita nos carros de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas na corrida de domingo: próximo às rodas traseiras foi notada a presença de cinco tubos de Pitot. Tal recurso avalia a velocidade de fluídos através da comparação de pressões estática e total e nunca havia sido utilizado até então.

Na despedida da F-1, Fernando Alonso trocou capacete com Jimmie Johnson. Foto: F1.COM.

A proposta seria uma forma de coletar dados em uma das zonas mais críticas de um F-1 no que se refere à aerodinâmica: é na região entre o assoalho do carro (local da instalação de tais sensores) e o pneu traseiro que inicia a turbulência gerada pelo movimento dos pneus e pelo deslocamento do veículo. Valtteri Bottas, que terminou o ano em quinto lugar no campeonato e marcou o maior número de voltas rápidas, será o único piloto em atividade nestes dois dias de treinos.

Com a definição do grid para 2019 já conhecida, não deixa de ser curiosa a escalação de pilotos para os trabalhos desta semana. Além da Mercedes, Ferrari (Sebastian Vettel, terça, e Charles Leclerc, quarta) Red Bull (Max Vertappen, terça, e Pierre Gasly, quarta), Force India (Sérgio Pérez e Lance Stroll), McLaren (Lando Norris, terça, e Carlos Sainz Jr, quarta), Sauber (Kimi Räikkonën, terça e Antonio GIovinazzi, quarta) e Williams (George Russell e Robert Kubica) apostam em seus nomes para 2019. Cabe destacar que Pérez e Stroll andam apenas hoje (terça) dividindo um único carro pela manha e tarde, respectivamente. Na Williams, Russell anda hoje pela manhã e amanha à tarde, e Kubica entra em ação nos dois turnos restantes, uma solução típica do time de Grove, que há algumas temporadas vem praticando estratégicas discutíveis.

Apesar dos sorrisos, Red Bull não liberou Daniel Ricciardo para testar pela Renault. Foto: Getty Images-Red Bull.

Apesar de todas as odes e loas tecidas em favor de Daniel Ricciardo no final de semana, a Red Bull não o liberou para testar pela Renault em Abu Dhabi, reflexo do divórcio traumático entre as duas equipes. Assim, o time francês volta às pistas com Nico Hulkenberg (hoje) e o russo Artem Markelov (amanhã), forte candidato à vaga de piloto de testes em 2019. Situação semelhante acontece na Toro Rosso onde o indonésio Sean Gelael atua hoje e o russo Daniil Kvyat (Piloto titular em 2019) amanhã.

Nascido em Londres, Alexander Albon corre com licença tailandesa. Foto: F2-FIA.

A agenda do time B da Red Bull foi determinada antes da confirmação de Alex Albon como titular de 2019, fato anunciado ontem e que tem poucas chances de alterar essa programação.  Albon é filho de pai inglês e mãe tailandêsa e ao optar por correr com licença do país asiático torna-se o segundo piloto da Tailândia na F-1; o primeiro foi Birabongse Bhabubhan, o Príncipe Bira, que disputouvárias provas interancionais antes da criação do Campeonato Mundial de F-1. Sua aparições em corridas oficiais da categoria somam 18 GPs entre 1950 e 1954 e seus como melhores resultados foram dois quartos lugares (Suíça, 1950, e França, 1954) e um quinto (Mônaco, 1950), sempre com carros Maserati.

Príncipe Bira em ação no GP da França de 1947, disputado nas ruas de Chimay. Foto: Klematanski Collection.

Na equipe Haas, Pietro Fittipaldi tem hoje uma grande chance para pavimentar seu caminho a uma vaga de titular, esperança igual à do suíço Louis Deletraz, sobrenome que também tem passagens pela categoria: seu pai, Jean-Dennis, alinhou em três GPs entre 1994 e 1995. O suíço terminou a temporada da F-2 em décimo lugar enquanto o brasileiro teve uma campanha marcada por um acidente nos treinos para os 1.000 KM de Spa, fato que o afastou das pistas por cerca de dois meses. Além de sua habilidade e determinação Pietro tem a seu favor o apoio da Telmex, empresa de telecomunicações do empresário Carlos Slim, marca com grande potencial de sinergia com a única equipe norte-americana do grid.

Pietro, ao lado de Emerson, é o Fittipaldi mais próximo de chegar à F-1. Foto: Embratel/Claro.

Na metade desta temporada a Force India teve seu nome acrescido da marca Racing Point após um consórcio liderado por Lawrence Stroll ter assumido o time e evitado sua falência. Diante disso o fato de seu filho Lance, que competiu pela Williams em 2017 e 2018, ainda não ter sido confirmado é encarado como mero detalhe contratual. Sérgio Pérez fica mais um ano no time e Esteban Ocón deixa a equipe para dar lugar ao canadense.

Lance Stroll faz amanha seu primeiro teste pela equipe Racing Poitn Force India. Foto: Williams.

Todas as demais equipes já têm suas formações definidas para as 21 etapas de 2019, a saber

- Mercedes: Lewis Hamilton (contratado até 2020) e Valtteri Bottas (2019).

- Ferrari: Sebastian Vettel (2020) e Charles Leclerc (2019).

- Red Bull-Honda: Max Verstappen (2020) e Pierre Gasly (2019).

- Renault: Daniel Ricciardo (2020) e Nico Hulkenberg (2019).

- Haas-Ferrari: Romain Grosjean (2019) e Kevin Magnussen (2019).

- McLaren-Renault: Carlos Sainz (2020) e Lando Norris (2020).

- Force India-Mercedes: Sérgio Pérez (2019) e Lance Stroll (a confirmar).

- Alfa Romeo-Sauber: Kimi Räikkönen (2020) e Antonio Giovinazzi (2019).

- Toro Rosso-Honda: Daniil Kvyat (2019) e Alexander Albon (2019).

- Williams-Mercedes: George Russell (2020) e Robert Kubica (2019)

O resultado completo do GP de Abu Dhabi e a classificação final da temporada de 2018 você encontra aqui.






* Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIA. Atualmente é diretor de redação do site Motores ClássicosTwitter: @motclassicosFale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br.


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