sexta-feira, 13 de julho de 2018

DE CARRO POR AÍ.
Por Roberto Nasser*

BEM ACERTADO, O MUSTANG.


Ford Mustang. Europeização o salvou.

Quem arrisca intimidades com o novo Mustang se surpreende. O automóvel deixou a formulação americanalhada e se aspirou ares europeus para acerto e composição. Faz parte do projeto de internacionalização para deixar a exclusividade de ser carro dos locais Jim, Jack ou Bill, e também instigar o Giorgio, o François e o Hans na Europa. Eventualmente, os doutores Zé e Chico por aqui o preço os promove. Programa deu certo. Nos cortes de produção de veículos feitos pela Ford em seu processo de saneamento, Mustang foi poupado.

A postura de visar clientes diferentes com exigências próprias, mudou o produto, para muito melhor. Mantém a cara e a importância, a aparência agressiva, perfil e linhas de imagem esportiva, o funcionar sonoro, viril, exaurido por quatro tubos de escapamento, a pintura brilhante em cores marcantes, em especial vermelho, preto, amarelo. No perfecionismo da manutenção da aura do automóvel, tomaram a versão 350 utilizada por Steve McQueen no mítico filme Bullit, mais identificada com a marca, mantiveram as lanternas traseiras em três elementos.

No processo de internacionalização é automóvel bem acertado. E para o Brasil, idem. É importado em versão dita Premium, com motor V8, sem opções. Pacote completo, bem definido. Comparado com o concorrente Camaro, é mais potente, veloz, reativo, e barato em seus R$ 300 mil, preço para abertura de negócios.

Motor surpreende. O tradicional V8 5,0 foi intensamente modificado, e a potência, sempre na casa da segunda centena de cavalos, por desenvolvimento saltou para 466 cv a respeitáveis 7.000 rpm, perfil de motor europeu. É a terceira geração da família Coyote, bloco em alumínio, assinatura da esportivização real do motor, coisa do cliente europeu.

Há eletronização viva no produto, desde a regulagem do motor, em sete padrões diferentes, de economia a esportivo, e a possibilidade de torná-lo silencioso para manobrar em condomínio ou andar com assinatura Sonora em estrada livre.

Transmissão automática tem 10 marchas, também operáveis por alavanquinhas sob o volante – poderia ter menos para ser mais esportivo e de operação mais objetiva. Mas o interesse foi resultado direto ao usuário sem maior sensibilidade para operar, e a disponibilidade de tantas marchas e de elevado torque permite operar em baixas rotações – na prática, obter impensáveis marcas de economia: em cidade de trânsito civilizado mais de 8 km/litro.

Ford importá-lo-á em doses de 500 unidades. Primeira já foi absorvida.

Roda-a-Roda


Hyundai – Como usualmente descompromissada na difusão de informações no Brasil, Hyundai anunciou na Argentina dois novos produtos para nosso mercado: modelo pequeno, em nova plataforma, menor ante o Creta e HB20, e um picape médio. 
De novo -Trata-o como A-Cuv. Letra A indica o segmento de carros pequenos e Cuv, apesar da sonoridade, o prefixo da sigla Compact Utility Vehicle. Veja-o como o Kwid Renault da Hyundai.
Que coisa - Sigla é da pior qualidade. Crítica da Coluna sobre a grosseira sonoridade fez Ford suprimi-la. Inibia as engenheiras no processo.
Mais – Quanto ao picape não será viabilização do modelo de estudo exibido como modelo de estudo sobre o Creta, mas produto grande, para concorrer com Toyota HiLux e sua turma.
Recorde – Fábrica no esquema 4.0, aços resistentes e leves, e a aura de quase um século de perseguição à tecnologia e qualidade, permitiram à Borgward comemorar produção da 100.000ª unidade.
De novo - Recriada pelo neto Christian, quer aproveitar a aura da empresa de Bremen, Alemanha, pelo avô Carl Borgward. E na cidade alemã constrói fábrica para ser a referência de qualidade e processos.

Alpine – adiamento pode ser bom.

Demora – O projeto da Renault em trazer seu recém lançado esportivo Alpine para fazer prospecção de mercado no Brasil, estacionou, puxou o freio de mão, desligou os cabos da bateria, parqueou sobre cavaletes.
Bom – Razão simplória e surpresa: a produção está vendida pelos 19 concessionários na França e a área de exportações pelos próximos dois anos.
Mau? – Projeto para chegar ao mercado brasileiro foi delongado, com remotas chances de implementar a capacidade industrial da velha fábrica Alpine dos tempos do fundador Jean Rédélé – marca foi posteriormente comprada pela Renault, e o mito foi junto.
Ótimo – Há um lado bom no esticar o prazo: até lá deve estar acertado o acordo entre o Mercosul e União Européia, e assim preço final menor pela ausência do imposto de importação.
Amostra – Para instigar mercado, Renault levará exemplar de pré série como atração em sua presença no Brazil’s Renault Classic Show, elegante encontro de veículos antigos a ser realizado em Araxá, MG, setembro. Quer ve-lo? Pinte lá.
Novo – Anúncio da FCA para participar do mercado de picapes no Brasil, embute decisão sobre três produtos: novo Strada – já em andamento; importação do RAM 1500 – ex-Dodge 1500; e a definição de picape para 1.000 kg de carga, modelo novo, inexistente no portfolio da empresa. Norte americanos envolvidos no projeto tratam-no como Metric Ton. Curiosidade, mercado latino americano afinará visão da América superior.
Mudança – Teremos enormes alterações no mundo do automóvel nos próximos anos – desde a necessidade de tê-los, uso, manutenção -, até extinção de profissões a eles ligadas.
Paralelo – Enquanto Seu Lobo não vem, outra mudança se implanta no atual início de relações e conceitos – a distribuição dos combustíveis líquidos.
Direto – A decisão permitindo às usinas de álcool vender diretamente aos postos, eliminando os custos da desnecessária passagem por companhia distribuidora, deve ser seguida para a gasolina. E o CADE e a Agencia Nacional do Petróleo estudam acabar com o monopólio da Petrobrás - empresa refina 95%, estudando abrir tal processo a outras refinarias e ter reajustes de preços com prazos programados.

Ford GT 40 humilhando Ferrari em Le Mans.

Razão – Não há história melhor no automobilismo: a briga Ford versus Ferrari, motivada pelo desentendimento entre dois mandões personalistas. Henry Ford II, o neto, comandando a segunda maior produtora de veículos, e o turrão Enzo Ferrari, acionista maior à frente de sua marca, envolvida com corridas e fazendo esportivos para gerar recursos.
Italianice – À assinatura do contrato Enzo Ferrari saiu e não voltou à reunião -, e Ford II, embora ausente, viu como ofensa pessoal, e resolveu dar o troco – esmagar a Ferrari em seu ambiente, as pistas de corrida, em especial nas 24 Heures du Mans, a mítica corrida de resistência.
Solução – O caminho gerou carro, hoje em segunda reedição, então chamado Ford GT 40; abriu trilha pavimentada para Carrol Shelby transformar-se em pequeno industrial, trouxe vitórias para a Ford nas corridas de resistência. 
Enfim – Virará filme, já em filmagem. O ator Matt Damon reviverá Shelby e com certeza gerará muita dramatização no reviver as disputas – vencidas pela Ford -, em Le Mans, entre 1966 e 1969.
Ascensão – Citroën, representada por DS 21 de 1966, com carroceria especial Le Léman Coupé pelo encarroçador Chapron, quebrou o encanto para marcas comuns e recentes estacionando no gramado 18 do campo de golfe de Pebble Beach, onde no 3º domingo de agosto no Concours d’Élegance, um dos mais esnobes encontros de veículos antigos.
Razão – Revolucionário em soluções, como a carroceria esculpida pelo ar, único sistema hidráulico para freios, direção, e a surpreendente hidro-suspensão, ao lançamento, em 1955 no Paris Auto Show, teve 80 mil encomendas.
Gente  Roberto Carvalho, ex GM Canadá, de volta. OOOO Diretor Geral da BMW. OOOO Muita pedra a carregar: vendas; otimizar rede de revendas; definir novos produtos; acertar assistência técnica; trabalho em conjunto com a operação de montagem em Araquari, SC. OOOO BMW tropica no mercado. OOOO


Mercedes abre liderança


Com ampla folga Mercedes CLA 180 lidera segmento.

Lançado ao princípio do ano, o Mercedes CLA 180 tem sólida ascensão em vendas: triplicou-as relativamente às dos cinco primeiros meses do ano anterior. Numericamente significa reinar absoluto dentre os produtos da família C, os 200, 250 e AMG 45 4Matic, assinalando 80,1% das vendas. Quanto aos concorrentes principais, os também teutônicos sedãs 4 portas BMW serie 3 e Audi A3, liderança também é sólida: 74%. Na prática a soma dos concorrentes é inferior aos números de venda do CLA 180.

Razões da preferência estão em condições importantes: maior rede assistencial; linhas de sedã com morfologia de cupê; conforto construtivo. Mecânica é liderada por motor de quatro cilindros em linha, 1,6 litro de deslocamento, 16 válvulas, turbo, injeção direta. Gera 122 cv, mas o diferencial para agradabilidade de uso está nos 20 m.kgf de torque, plano entre 1.250 e 4.000 rpm, permitindo garra para acelerar e usura em consumo. Agregado a transmissão automática com duas embreagens  7G-DCT, de sete velocidades, permite acelerar de 0 a 1000 km/h em 8,7 segundos e atingir pico final em 210 km/h.

Como equipamento dispõe de rodas em liga levo, aro 17”, sete bolsas de ar, incluindo laterais e uma para os joelhos do motorista, faróis e lanternas em LEDs High Performance. Fórmula integra o esforço de rejuvenescimento da marca, com esportivização das linhas, trabalhos de aerodinâmica, equipamentos de infordiversão cada vez mais demandados, como  o Apple CarPaly e Android Auto.

Preço auxilia na escolha: R$ 137.900.

Depois da Jeep, FCA investe na Fiat


FCA investe para trazer Fiat à liderança.

Empresa aproveitou 42o aniversário da atividade industrial automobilística da Fiat para anunciar investimentos na marca: aplicará R$ 8B em cinco anos na planta de Betim, MG, base que assistiu aos investimentos para implantação da associada Jeep e ver sua liderança no segmento.

Aplicação de capital para o setor Fiat, inaugura novo ciclo para a marca e seus fornecedores, com indicativo sério, a criação de, pelo menos, 8 mil empregos.

Novo capital se destina a alavancar Fiat e seu leque de produtos, fortalecendo atividade no Brasil e na América Latina, corporificando 15 lançamentos até 2023, para cobrir segmentos onde não compete. Os investimentos tem endereço certo, o Polo Automotivo Fiat, em Betim, MG, maior fábrica da marca no mundo, tanto para dinamizar suas atividades quanto a dos fornecedores instalados ao seu redor. Fiat capitaneou um processo de sobrevivência dito Mineirização, constituindo-se em grande esforço para levar fornecedores a se instalar em Minas para eliminar logística, transporte e obter custos menores.

O grande esforço embute a determinação de voltar a ostentar título de muito orgulho, marca líder no Brasil.








* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 50 anos a coluna De Carro Por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.




Leia> Coisas de Agora.