Registro: há 132 anos surgia o automóvel.
Esquisito, tipo cruza de triciclo com carroça, soluções mecânicas hoje risíveis, feito em ferramentas primárias, este é o veículo auto móvel patenteado pelo engenheiro Carl Friedrich Benz aos 29 de janeiro de 1886. Foi a primeira patente para um, digamos com boa vontade, automóvel movido por combustível de nome e funções estranhas, o Lidoin, derivado de petróleo empregado em limpeza doméstica.
Patente levou o número 37.435,
concedido à Fábrica de Motores a Gás Benz & Cia, nome pomposo para pequeno
negócio de sobrevivência familiar.
Benz não foi o primeiro a fazer um
veículo apto a mover-se por seus próprios meios, tocado por um motor de
combustão interna, mas o organizado técnico a buscar patenteá-lo.
Antes, Siegfried Markus, da Áustria, havia produzido aparato
idêntico e com aparência mais automobilística relativamente ao triciclo Benz.
A organização de Benz e a expedição
da patente dão-lhe o merecido título de Criador do Automóvel.
Questão básica era o fato de os
motores serem muito pesados relativamente à potência produzida, comprometendo
rendimento. Assim, outro alemão, ainda contemporâneo de Benz, um certo Gottlieb
Daimler, fazia-os para aplicações diversas, demorando a faze-lo chegar a
veículos leves, como um arremedo de motocicleta e a aplicação num veículo de
quatro rodas.
Outro fato era a recenticidade da
criação dos motores. Francês Etienne Lenoir fez um engenho com tal DNA,
orginalmente para consumir gás – como eram os motores com aplicação
industrial também produzidos por Benz, e um alemão, Nikolaus Otto deu a
diretriz ao alterar o ciclo operacional comprimindo o gás combustível, obtendo
rendimento muito superior – e traçando o rumo dos motores de combustão interna,
princípio vigente até hoje.
Curioso na história, o invento de
Benz foi visto com susto tanto pelo insólito da proposta, quanto pela forma
e, mais, pela ausência de escapamento, o funcionamento com enormes
ruídos, espantando animais. Foi sua mulher, Berta, com os filhos mais velhos,
em viagem até a casa de seus pais fez, sem saber o primeiro teste, aferiu os
pontos fracos, chamou enorme atenção, ganhou espaço nos jornais, apresentou o
produto e provocou vendas.
Como referência, apesar de as
empresas terem juntado conhecimento, meios, capitais, Daimler e Benz não se
conheceram.
Para ilustrar a história, a
Mercedes-Benz ainda produz, em pequenos lotes e de tempos em tempos, unidades
do Patent Wagen.
O Patent Wagen .... |
.... e sua Patente |
Rota 2030: Toyota sai na frente
Em meio às definições dos caminhos da
indústria automobilística a ser traçados pelo projeto Rota 2030 para os
próximos 12 anos, a Toyota se adianta. Marca entende as dificuldades dos órgãos
do governo para se ajustar em torno de propostas para assegurar crescimento, ganho
de tecnologia construtiva, redução de consumo e emissões, e definições para o
futuro, incluindo apontar caminhos e soluções para o uso de combustíveis
renováveis.
Para assumir posição de referência,
tem argumento de peso, o crescimento de vendas de seu híbrido elétrico Prius,
de maiores vendas e estrutura no país. Saltou de 485 unidades em 2016 para
2.470 ano passado, graças a trabalho profissionalmente dirigido: envolvimento
da rede de concessionários, redução de preços, situando-o pouco acima do Corolla.
Cercou o consumidor com certezas de manutenção, garantia e fez crescer o valor
de revenda.
Nas definições para os próximos anos,
empresa, junto com outros interessados, conseguiram sensibilizar o Ministro
Marcos Jorge de Lima, do MDIC – Ministério da Indústria, Comércio Exterior e
Serviços -, a adotar e antecipar medida incluída na estrutura do Projeto Rota
2030: a aplicação de IPI idêntico à tributação dos carros 1,0 – 7%. Com isto
preços reduzir-se-ão e competitividade aumentará.
Medida tem início de vigor previsto
para março, coincidindo com efeito-demonstração ora em aviamento pela Toyota,
investindo para transformar o motor do Prius em flex, apto a operar com álcool.
Segundo a Toyota, no projeto de
adequação do híbrido ao uso de etanol, combustível renovável gerando
eletricidade, carro será recordista no cumprimento aos desejos dos órgãos
federais, ao emitir a menor quantidade de CO2, enorme conquista para o meio
ambiente, uma evolução decisiva o Brasil, como enfatiza Miguel Fonseca, Vice
Presidente Executivo.
Prius. Dentro do ideal oficial, usará álcool para gerar eletricidade. |
Roda-a-Roda
Mercado – Para
ajustar-se aos tempos de recuperação e preferências do mercado, BMW foca nos
SAV – Sport Activity Vehicles, classificação por ela criada – e
responsável por 55% de suas vendas no país.
O que - Apresentou
o X2, para vende-lo em maio, restante da família X: 1,2,3,4,5 e 6. Destaque
para o X5M. Letra indica os produtos com desenvolvimento especial da marca
bávara para aumento de performance.
Números – Aliança
Renault-Nissan-Mitsubishi fechou o primeiro ano de agregação crescendo 6.5% e
cravando 10,6M de veículos vendidos. Na prática, de cada nove veículos
comercializados no mundo, um é da Aliança: Renault, Nissan, Mitsubishi, Dacia,
Renault Samsung, Alpine, Lada, Infiniti, Venucia, Datsun, atuando em 200
países.
Pré venda – Indefinida a
imposição tributária sobre veículos importados, Volvo trouxe da Suécia iniciais
200 unidades do novo XC40, todas vendidas. SUV, quatro cilindros turbo, 2,0
litros, 190 cv, o mais potente do segmento.
Mais – Semi autônomo,
quer dele fazer a bandeira da marca. Fluxo normal de importações previsto para
julho, quando o Projeto Rota 2030, regulando o setor automobilístico, estiver
em vigor, permitindo encomendas.
Opção – Peugeot importou
novo lote de 500 unidades do SAV espanhol 3008. Mais acessórios, inflando
conteúdo para atender reclamos da clientela.
…. II –
Curiosamente optou aumentar vendas de produto importado, deixando de aplicar-se
ao re-lançamento do nacional 2008, de ótimas características, porém de pequena
e injusta participação no mercado.
Nova? –
Proclama-se Nova Peugeot, rótulo curioso quando vistos seu mapa de
vendas, performance, presença, encolhidas no Centro Oeste – exceto Brasília -,
Norte e Nordeste. Talvez deva relançar-se, como Peugeot, de Novo…
Caminho – Ford
apresentou o Ka em versão Freestyle, esforço para fazer ponte entre o hatch e
a morfologia de SAV e SUV, anunciando-o como produto mundial. Quer ser visto
como um EcoSport pequeno.
Ajuste – Plataforma e
partes do Ka, implementos em conectividade, maior altura do solo e promessas de
Ford de habilidades para andar fora de estrada, apesar da tração simples.
Classificação – Enquadra-o
como CUV – Compact Utility Vehicle. Nova categoria traz
desnecessário tropeço fonético.
Quase novo – Honda iniciará distribuir aos revendedores versão revista
do City, sedã construído sobre a plataforma do Fit. Mudanças, anteriormente
indicadas pela Coluna, não caracterizam novo modelo, mas
segunda parte do ciclo de vida.
Ka é um CUV |
O que? – Apesar de
retoque, exige alterações no visual frontal e posterior, pequenas mudanças
interiores, implementação da conectividade. Mecânica não muda – leia-se não
terá o sistema ESP, pró-estabilidade.
Responsabilidade – Primeira Câmara de
Direito Civil, do Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu, a Prefeitura
operadora do sistema de estacionamento urbano Zona Azul, é responsável pelos
danos ocorridos aos veículos nela estacionados. Por enquanto vale para SP.
Melhor – Dunlop,
marca ex inglesa, agora japonesa, com o sobrenome do criador do pneu, implantou
novo ciclo no Brasil. Esteve aqui ao início da indústria automobilística e
depois foi-se. Nova fase, no Paraná, marcada pela conquista de grandes
clientes, como Volkswagen, Fiat e Toyota, exibindo capacidade de disputar
preços.
Presença –
Fez cinco milhões de unidades em 2017; quer crescer 20% neste exercício;
construir nova fábrica para pneus para carga. Curiosidade, os Dunlop equipando
o novo VW Virtus, apresentado semana passada, eram importados.
Negócio – Início da
retomada das vendas pela indústria automobilística mostrou o elo fraco da
corrente de produção, a de auto peças. Para evitar interrupção no fornecimento
de partes a Volkswagen aplica seu peso financeiro para facilitar empréstimos de
grandes bancos às menores empresas. As maiores
foram assumidas por multi nacionais.
MAN 900 – Fábrica de
caminhões e ônibus sucedendo tal atividade à Volkswagen, MAN registra atingir a
marca de 900 mil veículos produzidos no país. Do total, mais de 750 mil
construídos pelo inovador sistema Consórcio Modular, em Resende, RJ.
Liquidação – Motorrad,
área de motocicletas da BMW faz promoção para limpar o estoque dos modelos
2017. Desconto de R$ 4.000 para as topo R 1200 Rallye, a R$ 71.900. Modelo R,
desconto menor, a R$ 62.900.
Caminhões MAN, 900 mil |
Pesquisa – Para
entender sua posição no mercado nacional, importadora da motocicleta Royal
Enfield conduz pesquisa entre formadores de opinião especializados no setor.
O que - Marca,
antes inglesa, agora é indiana mantendo desenho e conformação dos modelos
surgidos na década de ’50. Portam o saudosismo, preço menor, mas em uso sofrem
as consequências do projeto superado.
Índia – Distante do
nosso conceito de produtor de veículos, a Índia fornece ao Brasil as Royal
Enfield, as partes formadoras da moto BMW G 310 GS, e muitos componentes do
Renault Kwid.
Vento – Mário Araripe, o
engenheiro cearense fundador da Troller, após passá-la à Ford, aplica-se ao
mercado de geração de energia eólica. Implanta
parques e os vende a investidores internacionais.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 50 anos a coluna De Carro Por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
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