Salão
de Frankfurt define o futuro
Há
alguns anos todas as principais mostras de automóveis no mundo tem como tema ou
sub tema os combustíveis verdes, alternativos. Muitos protótipos, conversas,
entrevistas – e muitas propostas. E nenhum caminho definitivo dentre a miríade
de soluções apresentadas.
Frankfurt
– o International Auto Show -, realizado nesta fantástica
cidade alemã, botou ordem no negócio: o futuro é elétrico e virá em veículo
autônomo. São, em síntese, as novidades maiores. Na prática mais um degrau na
perda de interesse sobre a grande invenção do Século 20, e o maior dos
problemas do atual. A eletrização dos veículos retira-lhes o charme, a
independência, a personalização. Saem a cilindrada, os ponto zero, os cm3,
vão-se os cavalos de força a sugerir rapidez e mobilidade, e para seu lugar
convocam a pouco emocional, amorfa, inodora medida de potência elétrica, KiloWatt. Próximas medidas, hoje já
disponíveis em alguns veículos e cidades com estrutura para orientá-los, o
carro autônomo e a desnecessidade de possuí-lo para deslocar-se. O automóvel se
encaminha para ser alguma coisa assemelhada a um SmartCar – um SmartPhone com
rodas -, com motor silencioso, sem vibrações, capaz de agir por conta própria,
a conduzir com tanta sensação de mobilidade quanto um pequeno vagão.
Na
prática
Antes
do exercício de futurologia explícita, papo de carro, Frankfurt nos coloca na
sempre assumida postura de mercado pequeno e distante, auto adotada pelo Brasil
a limitar importações para manter internamente a relação entre carros pouco
equipados e muito caros. Assim, novidades pontuais: o despertar da Volkswagen
Brasil para seguir o caminho dos SUV; o novo Duster, lá Dacia, aqui Renault.
O
que virá
Transição
será aos poucos, permitindo convívio e disponibilidade dos motores
endotérmicos, em especial os de ciclo Otto – com velas de ignição, mas a partir
de 2025 todos os condicionamentos levarão ao carro elétrico e autônomo.
Característica adicional, a mudança na relação de propriedade. Não mais será
necessário ter um automóvel e vaga para guardá-lo nas muitas e longas horas sem
uso. Eles pertencerão a frotas – até mesmo dos fabricantes -, e os usuários
demanda-los-ão pelo SmartPhone, sem relação de propriedade, ônus de impostos,
taxas, financiamentos, com uso à base do reservou, usou, pagou.
De
Frankfurt
Registro
do início do fim, a mostra alemã trouxe reação corporativa da Volkswagen ao
problema das emissões de poluentes por motores diesel, o DieselGate. Marca
largou a patente do conterrâneo e pegou-se nos motores elétricos, e anunciou
investir 40B E, uns R$ 150B) ampliando o leque de 30 para 100 modelos.
Adotou,
também, o caminho dos utilitários esportivos, os SUV. Te-los-á em todas as
famílias. Um dos exemplares, o I.Z. Crozz, primeiro utilitário esportivo
eletrificado, será modelo a ser produzido em São José dos Pinhais, Pr, e a
exibição faz pré apresentação de sua morfologia, até então apenas conhecida em
pequenas apresentações a público qualificado. Ao exibi-lo eletrificado VW
acabou com o segredo do paranaense previsto para o fim do próximo ano – com motores
1,4 flex ou TSI.
Roda-a-Roda
Festa – Como vem marcando mercadológica tradição, ao comemorar 70 anos Ferrari
fez evento em Maranello, seu feudo: visita à fábrica, museus, leilão na pista
de testes de Fiorano, a metros de sua sede.
Questão – 500 automóveis vindos de toda Europa, engarrafamento de
Ferraris, automóveis mais valiosos ante os hostels abrigando
seus donos, súbita ascensão de renda média na cidade, demonstrações viris de
cartões de crédito para conseguir lugar no Massimo Bottura, festejadorestaurateur na
vizinha Modena...
Ele – Sergio Marchionne, presidente da marca, apareceu e fez charme no
leilão: atendeu a lances por telefone e ao final fez apelo aos presentes para
abrir a carteira para os lances no LaFerrari Aperta, com total destinado a obra
pia. Conseguiu US$ 8,3M, valor estratosférico para o veículo. Presente, amigo
da Coluna crê em algum aditivo no Lambrusco, vinho
local servido industrialmente.
Limpeza – Na Inglaterra marcas sob o guarda chuva da sino-franca PSA – Peugeot,
Citroën, DS e Opel -, adotaram programa de renovação de frota. Iniciativa
corajosa, abarca os produzidos até 31.dezembro.2010, e acena com pagamento ou
facilidades adicionais em caso de troca por carros elétricos.
Quanto? – Um Citroën C3, por exemplo, vale mais: 6.400 libras – uns
R$ 26 mil - ante L 2000, R$ 8.300, pagos em Peugeots 3008. Serão
sucateados.
De volta – Promessa de volta da alemã marca Borgward se concreta. No Salão
de Frankfurt marca expôs o redivivo Isabella Concept, em tendência atual, sedã
acupezado. Empresa vai bem, produzindo SUVs na China, e 70 mil encomendas.
Futuro – Quer fazer fábrica 4.0 em Bremen, como a empresa original;
acertou-se com a Sixt Neuwagen, maior distribuidora alemã on line de
carros novos. Do Isabella dos anos ’50 mantém o DNA do design
Impression of Flow, harmônico em seus 5,00m de comprimento, 1,40m de
altura; 1,92m em largura.
Racionalidade – Onda de bom senso perpassa as fabricantes
brasileiras de veículos, maiores do Continente e com produtos adequados às
peculiares exigências, convencendo as matrizes permitir ocupar espaços.
Renault, operando na Colômbia e no Brasil iniciou exportar o Captur nacional ao
Peru.
Regionalização – Toyota Argentina anunciou salto de produção
de motores diesel de 30.000 para 77.000 unidades em 2018. Crescer 160% indica
novo mapa da empresa: substituir importações pelo fornecimento regional.
Visão – Projeto é de Mark Hogan, conhecedor do mercado sul americano com
ex presidente da GM nacional, e hoje membro do board da Toyota
e com responsabilidades para a América do Sul. Steve St Angelo, CEO para a
região, toca o negócio. Brasil iniciou exportar Corollas e Etios.
Surpresa – Fechados números de vendas em agosto, Jeep Renegade é o utilitário
esportivo mais vendido do mercado. Repete performance na Argentina.
Ok – Presidente da Volkswagen confirmou produzir outro utilitário
esportivo ao mercado nacional: o Thuran. Furo mundial pelo
estreante portal Auto Papo – a Coluna lá está – é projeto
Sköda, especialista em solidez e custos contidos, baseado na multi conformável
plataforma MQB. Menor ante mexicano Tiguan e T-Cross, de produção no Paraná,
servindo ao mercado nacional, final 2018.
SUV – Parece a palavra de ordem da VW mundial, com opções em todas as
versões de plataforma, e por isto nada impedindo o resgate da proposta do
Taigun, o utilitário esportivo sobre o up!
Líder – Dentre as inúmeras fábricas chinesas de automóveis, Chery ganhou Prêmio
Nacional de Qualidade na 36a Conferência Nacional de Qualidade
da Indústria de Maquinaria da China.
Futuro – Nestes momentos onde a dúvida da motorização do futuro foi
substituída pela certeza do carro autônomo, Universidade de Michigan, EUA, onde
estão as principais marcas norte americanas implantou, área de testes. Aqui o
assunto não é tratado.
Lá – MCity, o espaço, ocupa 13 hectares – 130.000 m2 -, e o
Departamento de Transportes – DOT -, baixou o Vision for Safety 2.0,
novas regras para indústria e governos estaduais interessados neste caminho.
Governo age como governo: busca salvar e enriquecer vidas - e garantir a
liderança dos EUA no setor.
Aqui – Não temos diretrizes e governo faz cara de paisagem, sem
preparar-se à profunda alteração nos equipamentos urbanos à realidade dos
autônomos.
Lugar – Brutus Sustainable Transport, start up curitibana,
quer unir empresas querendo transporte a caminhoneiros disponíveis para cargas
completas.
Vantagem – Entende oferecer preços menores pela constância e segurança da
demanda. Em seis meses tem listados 30 empresas; 10.000 caminhoneiros; superou
12.600 transportes em 47 cidades. Inscrições graciosas em www.brutusst.com.br.
Recorde - Simcas marcaram o 3º Encontro Nacional da marca,
realizado em Canela, RS, com apoio dos Museu do Automóvel local
e do Museu Nacional do Automóvel em Brasília, e o regional Veteran Car das
Hortências.
Amostra – Marca durou 8 anos no país, fez umas 66 mil unidades, e as
presentes representaram quase todos anos e versões. Raridade, o Simca 35 carro
de corridas de Breno Fornari, primeiro piloto e desenvolvedor da marca.
Resultado – Em presença ascendente e recordista decidiu-se pela criação de
clube e a realização do IV Encontro no próximo 2018 – interessado em sediar
tal movimento em sua cidade? Proponha: simca@simca.com.br.
Gente – Mudanças na
Dafra/KTM de motos em Manaus. OOOO Marketing será feito por Rafael
Vieira, e por Luiza Pellicani, assessora de imprensa. OOOO
Leia> Coisas de Agora.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 42 anos a coluna De Carro por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
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