sexta-feira, 1 de agosto de 2025

O ÔNIBUS VAI AONDE O POVO ESTÁ. Por Gabriel Nunes*

“Todo artista tem de ir aonde o povo está”! Este verso, da antológica música “Nos bailes da vida”, de Fernando Brant e Milton Nascimento, tem estreita analogia com a utilização dos ônibus para salvar vidas, chegar aos locais mais improváveis e resgatar pessoas, como se tem observado nos tristes conflitos bélicos que assolam o presente cenário geopolítico mundial. De fato, esses veículos alcançam a população onde ela estiver, o que é fundamental também para a logística de transportes, em especial neste Brasil de dimensões continentais e sem trens de passageiros.

Em tempos de crise, os ônibus têm mostrado que não são apenas um meio de transporte, mas também um símbolo de esperança e resiliência, que leva ajuda e solidariedade a quem mais precisa. Em nosso país, eles têm desempenhado um papel crucial em diversas missões humanitárias. Na pandemia de Covid-19, por exemplo, muitos foram adaptados para servir como unidades móveis de saúde, levando vacinas e atendimento médico a comunidades remotas e vulneráveis.

Em regiões afetadas por desastres naturais, como enchentes e deslizamentos de terra, os ônibus são frequentemente utilizados para evacuar moradores e transportar suprimentos essenciais. Essas salvam vidas e reforçam a importância da mobilidade e da infraestrutura desse meio de transporte em momentos críticos.

No cenário internacional, o uso de ônibus em missões humanitárias também é notável. Em países devastados por conflitos armados, esses veículos são amplamente utilizados para evacuar civis de zonas de guerra, proporcionando um raro vislumbre de segurança em meio ao caos. Na África, organizações não governamentais os têm utilizado para transportar alimentos, água e medicamentos para regiões afetadas pela fome e a seca.

Um exemplo inspirador encontra-se na Índia, onde um projeto chamado "Bus of Hope" transformou ônibus escolares em clínicas móveis. Os ônibus viajam por vilarejos rurais, inclusive os mais remotos, proporcionando serviços médicos gratuitos e educação em saúde para comunidades que, de outra forma, teriam acesso limitado a esses recursos. A iniciativa melhora a assistência médica às populações atendidas e promove a conscientização sobre a importância da prevenção de doenças.

Na América Latina, a presença de ônibus em missões humanitárias também é significativa. No México, após os terremotos de 2017, foram utilizados para transportar equipes de resgate e voluntários, além de servir como abrigos temporários para os desabrigados. No Chile, durante os incêndios florestais que devastaram o país em 2019, foram mobilizados para evacuar moradores e levar ajuda humanitária às áreas afetadas.

Todos esses exemplos mostram como a flexibilidade e a capacidade de adaptação desses veículos os tornam indispensáveis em situações de crise, conferindo rapidez e eficiência na ajuda de pessoas e comunidades em situação crítica. As mesmas propriedades que proporcionam conforto, segurança, acessibilidade e transporte de passageiros nas cidades mais remotas em tempo de paz possibilitam ajuda humanitária nos locais mais inóspitos e inacessíveis em meio às guerras e cataclismos. Assim como na canção, os ônibus seguem a “buscar o caminho que vai dar no sol”.

* Gabriel Nunes é diretor da Transportes Santa Maria, empresa de ônibus rodoviários e turísticos.

Transportes Santa Maria
Ricardo Viveiros ﹠ Associados

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