Existem muitos produtos que são vendidos no mercado como líquido de arrefecimento, mas na verdade não passam de água com corante e podem conter elementos prejudiciais ao motor, portanto o consumidor precisa tomar alguns cuidados na hora de fazer a manutenção do veículo e comprar este item tão importante, que é responsável por manter o motor em temperatura ideal de funcionamento, entre outros benefícios.
É fundamental seguir a recomendação do manual do fabricante e utilizar somente produtos de origem confiável deste líquido, que é composto por água desmineralizada e aditivo à base de etileno glicol. Assim, o consumidor tem a segurança de comprar um produto que entrega a proteção adequada conforme especificação de uso e garante a preservação da vida útil do motor.
Algumas montadoras já trabalham com líquidos long life, que duram a vida inteira do veículo, então o motorista não precisa se preocupar em fazer a troca, a não ser que haja vazamento ou alguma contaminação do sistema. Já outras montadoras recomendam fazer trocas do líquido de arrefecimento, de acordo com quilometragem, a partir de produtos homologados.
Alguns brasileiros têm o hábito de completar o reservatório com água da torneira, o que é prejudicial, pois a composição da mistura deve conter água desmineralizada para proteger os componentes metálicos da corrosão e evitar a formação de incrustações, que podem causar entupimentos e, em consequência, superaquecimento do motor.
Assim, colocar água da torneira no circuito de arrefecimento põe em risco a saúde do motor, pois a água pode conter sais minerais como cloro, flúor e cálcio que, se acumulados em certas regiões do motor, aceleram o processo de oxidação e desgaste de partes metálicas e mangueiras. Em especial o cloro presente na água pode reagir com o alumínio das peças.
Se o consumidor completar apenas com água, a porcentagem da mistura também irá diminuir e perder eficiência, uma vez que um dos objetivos do etileno glicol é garantir que a água não evapore. Assim, a mistura perde capacidade de não evaporar, que é observada com a rápida queda de nível, além de perder as características de proteção do motor e das borrachas.
Geralmente, os painéis de instrumentos dos veículos alertam caso comece a baixar o nível e aumentar a temperatura. Se continuar em funcionamento mesmo com os alertas, o carro terá problemas com o superaquecimento do motor, como dano à junta do cabeçote, que pode demandar uma retífica ou a troca deste importante item avariado.
No Brasil, a certificação do líquido de arrefecimento ainda é voluntária, mas o mercado já apresentou demanda ao Inmetro para que esta seja regulamentada, com a finalidade de evitar que produtos piratas sigam em circulação no mercado.
Para não colocar em risco o patrimônio, a recomendação é que o motorista escolha sempre produtos avaliados e testados pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), que realiza uma gama de ensaios em líquido de arrefecimento, conforme as especificações das normas ABNT NBR, o que garante segurança ao consumidor.
Todo o trabalho é realizado em laboratório químico próprio, que está localizado no Parque Tecnológico de Sorocaba (PTS), a 100 km de São Paulo. O laboratório possui equipamentos de última geração para realizar ensaios químicos em líquido de arrefecimento, assim como Arla 32, líquido de freios, baterias e pilhas.
O IQA é um organismo de certificação sem fins lucrativos especializado no setor automotivo, criado e dirigido por Anfavea, Sindipeças, Sindirepa e outras entidades do setor e governo. Parceiro de organismos internacionais e acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação (CGCRE) do Inmetro, o Instituto atua em certificação de serviços automotivos, produtos e sistemas de gestão, assim como publicações técnicas, treinamentos e ensaios de laboratório.
* Cláudio Moysés é gerente geral de Qualidade da PSA Groupe e diretor-executivo do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA)