CALMA PESSOAL, QUE O SUBSÍDIO É NOSSO
Encerrada a greve
dos caminhoneiros, perdemos todos. Nós, contribuintes, pagaremos as vantagens
concedidas pelo Governo Federal, mesmo sem saber se os grevistas representam o
setor, o que efetivamente querem. Melhor atestado foi a saída de Pedro Parente da
presidência da Petrobrás, onde tentou reverter o prejuízo dado por PT, Lula,
Dilma e partidos associados, percebendo ter perdido autonomia e a certeza de
influências políticas daqui para diante. Idem para todos nós chamados a bancar
um subsídio ao diesel, tão estranho quanto entrar na relação entre
concessionárias de estrada e governos estaduais para isentar de pagamento
veículos com o terceiro eixo suspenso – quem garante não haver carga para
dispensar o uso apenas nas praças de pedágio ?
Perdeu você, eu,
nós. Perdemos a esperança em um governo minimamente articulado e com controle
sobre problemas, solução para eles. Recebemos fugaz operação de compra e venda,
a mais simplória falta de noção; a inconsistência da tabela de de correção de
frete, anunciada, discutida, recolhida e rebaixada; a incerteza de não haver
mais greves, muito pelo contrário. O governo tenta sobreviver até seu débil
final.
A greve foi dos
motoristas, mas qualquer setor com capacidade de mobilização será capaz de
parar o país. Além destas certezas, restou outras: a população continua
procurando seus heróis ou quem faça oposição prática ao Governo; e não aceita
tutela de partidos ou falsos oportunistas buscando capitalizar sobre a união
popular que não conseguem realizar.
Planos FCA: SUVs,
picapes, turbo, …
Acionistas,
banqueiros, analistas econômicos, jornalistas do mundo atingido pela FCA
aderiram à convocação da empresa para o Capital Markets Day e apresentar seu
plano quinquenal 2018-2019. Coluna abordou o assunto
anteriormente indicando a pauta como atrativa, não apenas pelo polêmico – e
criativo e determinado – ítalo/canadense Sergio Marchionne, CEO da empresa, mas
pelos planos de crescimento, expansão, definição. E pelo fato de deixar o cargo
sem executar o plano. Valiam atenções, incluindo a atração do anúncio do
sucessor.
Acertou quem não
aceitou tanta placidez. Marchione surpreendeu com o leque de ações e projetos;
com definições para mercados em crescimento e lucros como a América Latina e a
Ásia; com decidir minguar a Chrysler – e por não anunciar o sucessor.
Frustrante? Não, agora entendível: não queria a aplicação do ditado de Rei
Morto, Rei Posto, perdendo o estrelismo em sua própria reunião.
O local, fazenda
nas proximidades de Milão, onde está a festejada pista de testes da Alfa Romeo,
tem instalações melhoradas em fazenda, mas sempre instalações de fazenda.
Situação por si só limitadora de presenças – assessores de diretores, por
exemplo, não foram por falta de espaço.
Reunião começou com
brincadeira para descontrair. John Elkan, trineto do fundador da Fiat,
presidente da FCA e da Exor, a holding familiar dos Agnelli,
ao contrário do irmão Lapo, marcado por ternos brilhantes, iridescentes, vivos,
parece intentar valorar com sobriedade seus poucos 42 anos. É careta ao
vestir: parece um aluno de Havard em terno e gravata pretos.
Marchionne, a cara
pública da FCA, é superior a estas regras e códigos e, independentemente da
estação ou temperatura, indo a presidentes de Repúblicas e Primeiros-Ministros
com assinatura cromática: calça azul escura; camisa com pequenos quadriculados
azuis; suéter cor da calça. Gravata, peça de fundo de gaveta, empregada apenas
até tornar-se o executivo nº 1 e imprimir sua marca e maneira de vestir na
surpreendente recuperação, ampliação e lucratividade da Fiat.
Para dar seriedade
à reunião, Elkan abriu-a a reunião ante comprimida plateia, tirou, sem desfazer
o nó, sua pífia gravatinha preta, e passou-a a Marchionne. O CEO aplicou-a sem
ajustar sobre invulgar camisa de quadros largos, sob o onipresente pulôver. Em
termos de composição estética, de envergonhar os alfaiates de Milão e Turim,
mas cumpriu a função: descontraiu, mostrou sinergia.
Mudanças
Novo projeto dá
peso específico às diferentes marcas sob a frondosa árvore da FCA:
Lancia, tradicional tende
ao desaparecimento sem lançamentos novos e hoje restrita ao pequeno Ypsilon;
Dodge e Chrysler
entram em processo de drenagem, devendo encerrar produção de automóveis,
tendendo a apenas utilitários esportivos, condenadas a se restringir ao mercado
norte-americano;
RAM, anteriormente
marca Dodge e agora autônoma, ampliação. Relançará linha de picape médio, como
foi o modelo Dakota no Brasil. País tem maiores chances de absorver a produção;
LATAM – Nada a ver com a
desconfortável companhia aérea, mas abreviatura norte-americana para Latin
America. A região, mercado crescente em vendas e lucros, com três
novos modelos;
SUV 7 lugares – baseada no
picape Toro, gerando dois produtos, um Fiat e outro Jeep. Pela base mecânica
comum a Toro, Renegade e Compass, serão produzidos em Pernambuco;
Picape pequeno – Nova geração
do Strada, já em providências. Plataforma baseada no Cronos, cabine com partes
do Mobi. Projeto tratado a Pão-de-Ló, como se diz internamente na Fiat. Fácil
entender, vende 55% no mercado e é referência em adequabilidade, resistência e
operação. O sucessor deve cumprir tal agenda;
Suv pequeno – Já citado pela
imprensa, incluindo a Coluna, dito grosseiramente Mini Renegade, também
está em desenvolvimento;
Jeep – Marca
mítica, bem capitalizada pela FCA, em franca ascensão, entre 2013 e 2018 quer
evoluir de 730 mil unidades para 2,1 milhões. É a menina dos olhos de
Marchionne, vendo o potencial nunca enxergado pela marca, pela Renault e pela
Chrysler. Até 2022 quer ter quatro SUVs e um picape, este com a cara do Jeep
Renegade. Compass sofrerá a primeira evolução para manter a inimaginada
liderança;
Alfa – Festejando chegada
nos dois principais mercados mundiais, EUA e China, próxima geração terá
GT, projeto comum entre Maserati e Alfa. Neste, em 2020, reposição do 8C,
desenvolvendo 700 cavalos de potência em motor V8 de duplo turbo, sucessor do
atual Motor do Ano, o do Ferrari 488 Pista.
Não o terá dianteiro como os 8C
antecessores, da década de ’30 e de 2009-2013, mas entre eixos traseiro. Na
prática Maseratis e Alfas, por questão de custos e lucros entraram no funil
para usar componentes Ferrari – plataforma, suspensão, motor, câmbio. Emblema
não.
No planejamento de produto outro
coupé, o GTV, V6 2,9 litro, evoluído do atual, para fazer 600 cv. Motor
dianteiro, 4x4. Após o sedã Giulia e o SUV Stelvio, com invejável definição
performática, Alfa dará o segundo passo para melhorar sua imagem: o novo Coupé
e o GTV se destinam a peitar frontalmente as versões especiais das marcas
alemãs, os Mercedes AMG, Audi S, e BMW M.
Da lista atual deixará de produzir o
charmoso Mito, mandando revisar a Giulietta.
E SUVs, sempre, segmento de maior
expansão no mundo, com dois representantes, acima e abaixo do Stelvio.
Quem esperava
atualização do Alfa 4C pode retirar o equino da pluviosidade. Foi um evento de
marketing, para chamar atenção sobre a marca. Relançada, perdeu a razão de ser.
Como complicador, é um ex-Alfa, feito fora da Alfa, processo artesanal,
incompatível com a competitividade no setor.
Maserati desfruta da
posição de marca de topo na FCA após a separação da Ferrari, agora empresa
independente e não FCA. Vem de pouco crível recuperação, passando de 6.000
vendas em 2012 a 50 mil imaginadas neste exercício. Promete concretar o modelo
Alfieri – nome do mais velho dos irmãos Masetari, fundadores da marca. Cupê confortável
e rápido, elétrico, comportamento esportivo do tipo 0 a 100 km/h em 2 segundos
e velocidade final de 300 km/h. Terá outro SUV, abaixo do Levante e um sedã
para concorrer com demais grandes. Será o Quattoporte.
Tecnologia
Apostará em turbos
e elétricos para o restante do mundo e, pontualmente para a América do Sul,
no downsizing, os motores de baixa cilindrada com aposição de
turbo. No mercado LATAM, pequenos motores a álcool e turbo – mas sequer há
desenho inicial para tal decisão.
Roda-a-Roda
Próximo – Natural
desdobramento do Toyota Yaris hatch, ora lançado, será o sedã. Em
um mês.
Tapa – GM retocou
o Prisma, derivação do Ônix, ambos liderando vendas em seus segmentos.
Decoração e incremento em infodiversão. Razão clara, tentar manter vendas ante
o nítido envelhecimento das linhas, novos concorrentes e substituição
possivelmente em 2020.
Mercado – Previsões de troca
de posições de mercado durante maio não se apresentaram. GM não foi
ultrapassada pela VW e manteve primeiro lugar; VW segundo; Fiat terceiro; Ford
freou-se em quarta posição, contrariando projeções de ser ultrapassada por
Hyundai ou Renault.
Negócio – Seja por
excesso de revendas, seja por baixa participação no mercado – um dos
concessionários domina metade das vendas -, pelos sinais da transformação da Ford Brasil em
importadora e incerteza quanto ao futuro, dois entre os cinco negócios Ford em
Brasília estão à venda.
Variante – Tens
oficina, borracharia, pequeno negócio ligado a automóveis? A Total,
produtora de lubrificantes acha-o ideal para abrir um posto de troca rápida de
óleos do motor, iniciativa exclusiva, competitiva e rentável. Baseia-se em
estudo do Sebrae e do Instituto Brasileiro de Qualidade e produtividade,
indicando, 1/3 dos brasileiros possuem uma empresa ou querem tê-la.
Como - Oferece
treinamento, muitos produtos, orienta implantar mecânica rápida, troca de óleos
e filtros, revisão gratuita em até 15 itens de manutenção.
Vertente – Ford
ampliou perfil de fornecimento de peças e componentes. Não se resume à marca,
ampliando espectro em partes de reposição comum: discos e pastilhas de freio,
filtros, óleos. Nome confuso, Omnicraft, mistura latim com ingles para vender
no Brasil.
Social – Comemorando
70 anos da marca, e em fase de crescimento de vendas, faturamento e lucros,
Porsche criou fundação com o nome de seu criador e gestor, Ferry Porsche.
Empresa diz, para ela responsabilidade social e sucesso econômico são ligados
de forma inseparável.
Foco – Nos últimos
anos Porsche tem dedicado até 5M de Euros/ano para promover entidades civis,
culturais e sociais. Agora tocará profissionalmente.
Família – Elite, evolução do
HondaJet, o avião da Honda, foi apresentado pela empresa. Mais refinamento
decorativo, novas tomadas de para os motores, melhor insonorização reduziram
ruídos internos e externos, implementação nos aviônicos com estabilizador
automático. Melhor dado, aumento de autonomia em 17%, indo a 2.661 km. A US$
5.250 M, US$ 300 mil acima da versão anterior. Representa-o a Líder Aviação.
HondaJet Elite |
Antigos – Autoclásica, maior dos
encontros sul Americanos de automóveis antigos, já tem datas para próxima
edição: outubro, sexta, 12 a segunda, 15. É uma aula de antigomobilismo.
Gente – Cláudia
Freiesleben, Filipe Gutierrez e Ana Paula Silva, jornalistas, já não
atendem a ramais na Ford. OOOO Dispensa e plano de desligamento.
Buscando equilibrar contas, empresa corta despesas. OOOO Lugares foram
fechados. OOOO
Leia> Coisas de Agora.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 50 anos a coluna De Carro Por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
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