O SUVE ROLLS CULLINAN. NOME TÃO FEIO QUANTO.
Cullinan. O impossível acontece. |
É o fim do mundo em diversidade
automobilística ou apenas a clareza do fato da voz do mercado falar mais alto
que imagem e tradição?
Majestática Rolls-Royce, fabricante
do mítico automóvel, identificado com nobreza e finura, gerador da noção de
inquestionada qualidade, caiu na vala comum da moda atual. Fez – ou cometeu –
um utilitário esportivo.
Deixou de ser exceção, pois a ex-irmã
Bentley, hoje empresa Volkswagen, havia apresentado seu Bentayga há alguns
meses. Com o Cullinan – o nome nada tem com a tradição da Rolls em batizar seus
carros como fantasmas e assemelhados -, sendo sobrenome do dono da mina na
África do Sul, onde encontrado o maior diamante já visto: 3.106 quilates! -,
quer entrar no segmento.
Nos três anos entre projeto e
conclusão, partiu da nova plataforma em alumínio empregada no Phantom VII. Na
prática recebeu sistema de tração nas quatro rodas, suspensão frontal
McPherson, traseira por quatro barras de ligação. Interior cuidado, quatro ou
cinco lugares. Não houve cuidado para aliviar a sensação provocada pelas
pesadas linhas frontais, o mal acabamento estético entre capô e a grade em
forma de frontal de Panteão, a visualmente densa Coluna D.
Infodiversão mandatória, couro e
madeira da melhor qualidade, pensada habilidade para montagem e motorização para
permitir irresponsabilidades ao volante. O Cullinan tem obrigação de superar o
novo Land Rover nos quesitos habilidades e segurança. A base mecânica BMW
inclui motor V12, 6,2 litros, dois turbos, produzindo em torno de 520 cv.
Transmissão automática ZF 9 marchas, habilidade de baixar a carroceria para uso
em piso liso. Mede 5,341m de comprimento, 2,16 de largura e 1,83 de altura,
pesando nada leves 2.660 kg. Usa rodas leves em aro 22”. Custa US$ 685 mil – uns
R$ 2,5M na Europa.
Os antigos no Detran
Detran paulista, agressivo em
informações, divulga levantamento sobre as 10 marcas com mais representantes
dentre os veículos licenciados como De Coleção. São os popularmente
denominados Placa Preta, identificação visual da classificação onde
se exige ter mais de 30 anos de produção e, em tese, originalidade total em
aparência e operação.
Números são curiosos, em especial
quanto ao veículo em menor quantitativo, o Karmann-Ghia conversível. O estado
de São Paulo, com a maior frota nacional, registra apenas 14 unidades. A do DF,
percentualmente muito inferior, cadastra 4 unidades. Fusca, naturalmente, como
veículo mais vendido no país por largo prazo, lidera a listagem com 6.420
registros. Dentre as marcas importadas, a norte-americana Cadillac se destaca
com 355 unidades.
MODELO
|
REGISTROS
|
AS 3 VERSÕES PREFERIDAS DO MODELO
(UNIDADES)
|
|
1
|
FUSCA
|
6.420
|
1300 (3.241 UN), 1500 (1.200 UN), 1200 (996 UN)
|
2
|
OPALA
|
1.316
|
OPALA (502 UN), COMODRO
(217 UN), LUXO (198 UN)
|
3
|
DODGE
|
1.047
|
CHARGER RT (201 UN),
COUPLE LUXO (122 UN), DART (112 UN)
|
4
|
PUMA
|
695
|
GTS (323 UN), GTB (173
UN), GTE (52 UN)
|
5
|
BRASILIA
|
544
|
BRASILIA (531 UN),
BRASILIA LS (13 UN)
|
6
|
MAVERICK
|
486
|
GT (143 UN), MAVERICK
(121 UN), SL (109 UN)
|
7
|
KOMBI
|
486
|
KOMBI (468 UN), PICK UP
(8 UN), FURGAO (3 UN)
|
8
|
CORCEL
|
457
|
LUXO (160 UN), CORCEL
(118 UN), IIL (70 UN)
|
9
|
KARMANN GHIA
|
413
|
KARMANN-GHIA (346 UN),
TC (42 UN), CONV (16 UN)
|
10
|
CADILLAC
|
355
|
CADILLAC (105 UN),
ELDORADO CONV (38 UN), DEVILLE CONV (28 UN)
|
Fusca, um em cada 5 antigos. Aqui o famoso Horácio e seu dono Erwin Moretti. |
Roda-a-Roda
Ação – Presidente novo, versão nova. Aparentemente fatos
podem estar ligados, com o lançamento de versão a preço menor, de entrada da
premiada linha Argo. Comemora 1 ano de vida e 50
mil unidades vendidas.
Opção – Chama-se apenas Argo 1.0 e mantém conteúdo:
ar condicionado, vidros elétricos dianteiros, travas e direção, sistema
Stop&Start, ESS, a sinalização de frenagem emergencial, equipamentos
vistos em versões superiores de outras marcas. Preço inicial, R$ 45.000,
inflado se agregados pacotes opcionais. Próximo degrau em conteúdo e preço,
Drive 1,0 a R$ 47.800.
Argo simplesmente 1,0. Novidade. |
Renovação – Chevrolet anunciou medida corajosa: 20 lançamentos
até 2022, entre atualização de produtos e lançamentos. Em face marqueteira,
Carlos Zarlenga, presidente GM Mercosul promete surpresas e tecnologias
inéditas.
Anúncio parece resposta ao feito pela Volkswagen na
Argentina, em dezembro, detalhando seu Plano-Produto.
Quem chega – Nova Equinox Mexicana; revisão no
Spin; atualização do Cruze. Novidade maior, o Projeto AVA, sigla de Alto
Valor Agregado, veículo projetado para ser entrada de mercado. Um Kwid
da GM.
Quem sai – Haverá corporificação do Projeto GEM,
dito para mercados emergentes, projetado para ser a compra inicial. A grosso
modo um Kwid da GM. Rótulo assusta ao indicar coisas simplificadas em
construção e tecnologia. Substituirá Onix, Prisma,
Cobalt, Spin e a inexplicável Monstrana.
Sem chances – Informação publicada na
última Coluna sobre o lançamento do novo Duster, foi aclarada
por fonte Renault: coisa para longo horizonte. Sequer estará no Salão do
Automóvel, outubro/novembro deste ano.
Com chances? – Novidade maior não está em ser
mais comprido, mas na motorização, L4, 1,3 litro, turbo e 150 cv de potência,
substituindo o atual L4, 2,0, 143 cv. Sobre este, questão paralela: para
faze-los com tal configuração, somente com sinal na regra do setor, a ainda
inédita Rota 2030.
Atrativo – Para vender, fabricantes fazem
contorcionismos no atrair clientes – de entrada em 6x; prestações de R$ 99 no
primeiro ano; juros contidos; descontos; valorização de usados. No balcão é a
hora da pesquisa e da barganha.
Mercado – Fabricante de turbos Borgwarner pesquisou
remanufaturados à venda, e constatou o impensável: 40% dos equipamentos
apresentados como refazimento pela empresa, é serviço de fundo de quintal, e
peças sem qualidade.
Mercado, 2 – Como o país não dispõe de
estrutura de sanção para punir quem infringe a lei, a área de peças
remanufaturadas é um salve-se quem puder. Peça refeita – motores, caixas de
câmbio, turbos, sistemas de direção, amortecedores, etcccc - apenas no balcão
do revendedor a marca e com certificado de garantia de amplitude nacional. Fora
disto é risco.
Placas – Contran adiou pela terceira vez início da vigência
de placas no modelo Mercosul a novos emplacamentos e transferências. Teve o bom
senso de explicitar não ser obrigatória a substituição em veículos já
licenciados.
Prática – Novo início em 1º de dezembro de 2018. Será
tecnologicamente atualizada, com chip eletrônico e QR Code, dispensando lacre,
facilitando formação de um banco de dados Mercosul.
Como é – 4 letras e 3 números, permitindo maior
número de combinações. Cores alteradas: fundo sempre branco e dígitos
coloridos: passeio, preta; comerciais, vermelha; oficiais, azul; em testes,
verde; diplomáticos, dourado. De coleção, hoje ditos Placa Preta,
terão letras e números prateados. Nome do país na parte superior, cidade,
estado e brasão na lateral direita. Dimensões mantidas.
Fora – Volkswagen não estará no Salão de Paris,
setembro, referencial evento do setor: custos impostos pelos franceses. Suas
marcas Seat, Audi e Sköda irão.
União – Norte-americana de motores diesel Cummins e chinesa
de motores diesel JAC fizeram união sobre casamento antigo. A JAC tinha
participação da Navistar, concorrente mundial da Cummins.
Testemunha – Quem for a Araxá ao final do mês para
o Brazil Renault Classics, o mais elegante dos encontros de
automóveis antigos no país, verá réplica da Voiturette, pequeno
automóvel, origem da marca. Será uma das atrações. No evento, palestra de Alain Tissier, até pouco
tempo Vice Presidente, sabido na marca e integrante da história da Renault
Brasil desde a instalação, há 20 anos.
Renault Voiturette, em Araxá. |
Testar testando
Pista Mercedes Iracemápolis. |
Mercedes-Benz deu passo importante ao aplicar R$ 90
milhões nos serviços de implantar 12 quilômetros para pista exclusiva a seus
caminhões novos. Fica na fazenda comprada pela empresa, em Iracemápolis, SP,
onde desbastou um canavial e implantou sua fábrica de automóveis. Curiosamente
a pista de teste não servirá a estes, mas exclusivamente aos veículos pesados.
Eventual desdobramento dependerá do regramento para a atividade de fazer
veículos, a ser expresso no programa do setor, o Rota 2030.
Construção da pista trará economia a longo prazo.
Atualmente a Mercedes aluga circuitos para testar caminhões, em operação
extremamente cuidada para evitar o vazamento de informações quanto às novidades
contidas e resultados aferidos.
De acordo com Philipp Schiemer, presidente da
pioneira fabricante, “as exigências de qualidade para caminhões estão
cada vez maiores”. A escolha por Iracemápolis foi de ordem econômica,
pois não exigiu investir na aquisição da área.
A nova estrutura permitirá, também, oferecer tais
serviços a outras marcas e até à matriz e às filiais da Mercedes, pois segundo
lembra, as estradas brasileiras são severas e o desenvolvido para nossas
condições pode ser replicado para demais países.
Leia> Coisas de Agora.
* Roberto Nasser, edita@rnasser.com.br, é advogado especializado em indústria automobilística, atua em Brasília (DF) onde redige há ininterruptos 50 anos a coluna De Carro Por Aí. Na Capital Federal dirige o Museu do Automóvel, dedicado à preservação da história da indústria automobilística brasileira.
Leia> Coisas de Agora.