quarta-feira, 18 de outubro de 2017

QUANDO O TROTE ASSUSTA O CALOURO.
Por Wagner Gonzalez*

Brendon Hartley, oportunidade inesperada para estrear na F-1. Foto: Red Bull Content Pool.

Marko obrigado a engolir orgulho
Red Bull faz segunda chamada
Chile mostra circuito da F-E

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O austríaco Helmut Marko tem fama de ser tão sutil quanto um búfalo andando em uma loja de cristais. Não são poucos os sonhos que foram quebrados pela maneira pouco sutil com que ele trata dos interesses do programa de desenvolvimento de pilotos da Red Bull, one ocupa o posto de diretor, cargo de confiança que lhe foi dado pelo conterrâneo Dietrich Mateschitz, o bilionário proprietário da fábrica de energéticos. O brasileiro Sérgio Sette Câmara, que este ano disputa a F-2, é um dos que fez parte dessa academia mas que preferiu abdicar da “oportunidade”. Acredita-se que os nomes que vingam e chegam ao estrelato são obrigados, por contrato, a pagar uma porcentagem de seus salários quando alçam vôo e assinam com equipes concorrentes.


Helmut Marko: advogdo e diretor exigente da Red Bull. Foto: RBCP.

Apesar do grande número de jovens que estão incluídos na academia do touro que distribui asas, Marko foi obrigado engolir seu orgulho e autoritarismo para resolver um problema que ele não enxergou. Uma semana após colocar na geladeira o russo Daniil Kvyat para dar lugar a Pierre Gasly , Marko foi obrigado a chamar o russo de volta ao time de F-1. Tudo porque após muitos sinais de ter perdido a motivação em defender a Toro Rosso, o espanhol Carlos Sainz finalmente despediu-se da equipe no recente GP do Japão. Domingo que vem ele estréia pela equipe Renault no GP dos EUA, em Austin, Texas. Ele toma o lugar do inglês Jolyon Palmer que jamais mostrou competitividade semelhante à do alemão Nico Hulkenberg, primeiro piloto do time francês.


Daniil Kvyat: cada vez mais isolado na Toro Rosso. Foto: RBCP.

Marko havia dispensado Kvyat para dar lugar ao francês Pierre Gasly, nome já praticamente confirmado na equipe para 2018, quando o time usará motores Honda. Ocorre que o dirigente austríaco não contava com a exigência da fábrica japonesa em ver o francês alinhar na prova final da temporada japonesa de Super Fórmula, onde ele é o único representante da marca com chances de chegar ao título da categoria semelhante em performance à F-2 européia. Tal situação revelou que dentre os vários meninos da academia do touro vermelho não há ninguém em condição de disputar uma prova de F-1.


Em Austin Sainz Jr estreia pela equipe Renault. Foto: RBCP.

E foi assim que Brendon Hartley reapareceu no universo dos energéticos. Por enquanto, Hartley foi escalado para disputar apenas o GP dos EUA, mas o passo de Marko não deixa dúvidas que o o “kiwi” (como os neozelandeses são conhecidos no Reino Unido) poderá ser o novo carrasco de Kvyat, que no ano assado perdeu o posto de titular da Red Bull para o holandês max Verstappen. Currículo não falta ao piloto nascido em Palmerston North, principal cidade da ilha de Manawatu famosa por suas universidades: depois de dois testes para a Toro Rosso em 2009, ele enveredou por várias categorias e no ano passado venceu o Campeonato Mundial de Protótipos (WEC) e este ano triunfou em Le Mans. Se tudo conspira a seu favor, Daniil Kvyat parece cada vez mais perto de ser dispensado em definitivo: ainda que não haja não haja pilotos japoneses em condição de pedir a super-licença necessária para competir na F-1, uma boa atuação de Hartley em Austin poderá valer novas oportunidades neste ano e, se tudo der certo, render-lhe um contrato para disputar a temporada de F-1 de 2018.


Hartley já fez parte da família Red Bull na década de 2000. Foto: RBCP.

Terra de nomes como Bruce McLaren, Chris Amon e Dennis Hulme, Hartley será o primeiro neo-zelandês a disputar um GP desde a passagem conturbada de Mike Thackwell pela categoria em 1980. Então com pouco mais de 19 anos ele chegou a alinhar par ao GP do Canadá de 1980 e escapou de um mútiplo acidente na largada que eliminou os dois titulares da equipe Tyrrell, Jean-Pierre Jarier e Derek Daly. Como Jarier era o primeiro piloto da equipe, Ken Tyrrell ordenou que Thackwell cedesse seu carro para o francês.   Uma nova tentativa fracassada de se classificar para o GP dos EUA, uma semana mais tarde, marcou o final de sua carreira na F-1.

A corrida de Austin pode definir o título da temporada: a combinação de vitória de Lewis Hamilton e Sebastian Vettel terminando em sexto lugar ou pior garante o quarto título do piloto inglês com três provas (Mexico, Brasil e Abu Dhabi) de antecipação.


Chile com carga total

Enquanto os chilenos já tem definido o lay-out do circuito que será usado na estréia do país no calendário da F_E, a categoria de carros elétricos, os organizadores da etapa de São Paulo pouco divulgaram sobre a corrida que marca a entrada do Brasil no universo dos carros elétricos de competição. O máximo que se sabe até agora é que a corrida acontecerá no circuito do Parque Anhembi, e adotará um circuito que utilizará boa parte semelhante ao que foi utilizado pela F-Indy.


O traçado que a F-E usará em Santiago do Chile. Foto: F-E.







* Wagner Gonzalez é jornalista especializado em automobilismo de competição, acompanhou mais de 350 grandes prêmios de F-1 em quase duas décadas vivendo na Europa. Lá, trabalhou para a BBC World Service, O Estado de S. Paulo, Sport Nippon, Telefe TV, Zero Hora, além de ter atuado na Comissão de Imprensa da FIA. Atualmente é diretor de redação do site Motores ClássicosTwitter: @motclassicosFale com o Wagner Gonzalez: wagner@beepress.com.br.


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