Especialista em Engenharia Mecânica descreve quais sistemas tendem a falhar sob altas temperaturas e como a manutenção preventiva pode reduzir panes
As altas temperaturas típicas do verão brasileiro representam um fator de risco adicional para quem pretende encarar viagens longas de carro, especialmente em períodos de trânsito intenso e deslocamentos acima de 400 quilômetros. Segundo o professor Cleber William Gomes, de Engenharia Mecânica da FEI, centro universitário referência em engenharias há quase 85 anos, o calor excessivo pode comprometer o desempenho de sistemas essenciais do veículo, como motor, freios e pneus, tornando a manutenção preventiva e o comportamento do motorista determinantes para a segurança nas estradas.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), cerca de 30% dos acidentes em rodovias federais no verão estão relacionados a falhas mecânicas ou problemas nos veículos, como pneus carecas, superaquecimento do motor e falhas no sistema de freios (PRF, 2024). Já um levantamento do Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) aponta que pane mecânica figura entre as cinco principais causas de acidentes em viagens de longa distância no Brasil, especialmente em períodos de altas temperaturas e tráfego intenso, como férias e feriados prolongados (ONSV, 2023).
Para Gomes, esses números estão diretamente ligados à falta de manutenção básica. “O motor foi projetado para operar em altas temperaturas, mas isso só é garantido quando três fatores são respeitados: óleo lubrificante em boas condições, filtro de ar limpo e líquido de arrefecimento adequado. Se qualquer um desses elementos falhar, o atrito aumenta, a temperatura sobe além do ideal e o sistema pode entrar em colapso”, explica. Segundo ele, o problema não está apenas no calor ambiente, mas no acúmulo de desgaste que se manifesta justamente em trajetos longos.
Além do motor, outros componentes exigem atenção especial durante as viagens de verão. Os freios, por exemplo, podem sofrer o chamado fading, fenômeno caracterizado pela perda temporária de eficiência devido ao aquecimento excessivo causado pelo atrito repetitivo. Esse efeito é previsto em projeto e controlado para manter a segurança, mas pode ser agravado se o fluido de freio estiver contaminado ou se forem utilizadas peças paralelas de baixa qualidade. O mesmo vale para os pneus, que sofrem variações de pressão conforme a temperatura ambiente, aumentando o risco de falhas quando estão desgastados ou fora das especificações do fabricante.
O professor da FEI também destaca que o calor intensifica problemas já existentes no veículo. Mangueiras ressecadas podem se romper sob pressão, pneus carecas podem estourar e sistemas de arrefecimento sobrecarregados podem levar ao superaquecimento em engarrafamentos. “Se o carro começar a esquentar em trânsito parado, o ideal é encostar em local seguro e jamais abrir a tampa do sistema de arrefecimento com o motor quente. O líquido está sob pressão e pode causar acidentes graves”, orienta.
Outro ponto crítico é o fator humano. Em viagens longas, a fadiga reduz o tempo de reação e aumenta o risco de acidentes, especialmente em dias quentes. A recomendação é fazer pausas regulares, em média a cada uma hora e meia, para descanso e avaliação das condições físicas do motorista. A pressa em chegar pode economizar poucos minutos, mas o risco é não chegar. Planejar paradas transforma a viagem em algo mais seguro e até mais agradável.
Para regiões como o Sudeste, especialmente a saída da capital paulista e do ABC rumo ao litoral, o alerta é ainda mais relevante. O trânsito intenso, aliado ao calor e à menor ventilação do motor em congestionamentos, cria condições críticas. “Se perceber que o fluxo está travado e a temperatura do carro começa a subir, a prudência é parar, aguardar o trânsito melhorar ou procurar um centro automotivo antes de seguir viagem”, recomenda Gomes.
Por fim, o especialista reforça que a manutenção preventiva é sempre mais barata e segura do que a corretiva, tanto para veículos de passeio quanto para frotas e transportadoras. “Quando algo parece errado, não espere a falha acontecer na estrada. Cuidar do veículo é cuidar da própria vida e da segurança de todos”, conclui.
FEI - Com mais de oito décadas de tradição, a FEI se destaca entre as instituições de Ensino Superior no Brasil nas áreas de Administração, Ciência da Computação, Ciência de Dados e Inteligência Artificial e Engenharia. Referência em gestão, inovação e tecnologia, a FEI já formou mais de 60 mil profissionais e tem como propósito proporcionar conhecimento aos seus alunos por todos os meios necessários, visando à construção de uma sociedade desenvolvida, humana, sustentável e justa, por meio do ensino, pesquisa e extensão. A FEI faz parte da Companhia de Jesus e oferece cursos de Administração, Ciência da Computação, Ciência de Dados e Inteligência Artificial e Engenharias – habilitações em Engenharia Civil; Engenharia de Automação e Controle; Engenharia de Produção; Engenharia Elétrica; Engenharia Mecânica e Engenharia Mecânica com ênfase Automobilística; Engenharia Química e a primeira graduação em Engenharia de Robôs do País, sendo o maior polo educacional de robótica inteligente da América Latina. Acompanhando as megatendências mundiais para o futuro, a FEI participou da formulação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Engenharia e Administração, propondo ao Ministério da Educação conceitos de interdisciplinaridade e empreendedorismo, que fazem com que os alunos tenham uma formação mais ampla e alinhada com as transformações tecnológicas
CDI Comunicação

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