terça-feira, 11 de novembro de 2025

CARROS ICÔNICOS, QUE HABITARAM O IMAGINÁRIO DOS VISITANTES DO SALÃO DO AUTOMÓVEL, VOLTAM À MOSTRA EM EXPOSIÇÃO DO CARDE

Museu de Campos do Jordão levará a Kombi Turismo, da 1ª edição do evento, em 1960, e vários esportivos dos sonhos, como o Hofstetter e a Ferrari F40

Ferrari F40

O automóvel como fio condutor para se contar uma história ou até mesmo para ativar lembranças. O CARDE, museu de Campos do Jordão (SP), há 170 quilômetros de São Paulo, vai levar parte de suas joias sobre rodas para a 31ª edição do Salão do Automóvel e usar a mesma estratégia para atrair visitantes para seu estande: o carro como “isca” para despertar as mais puras memórias afetivas, um elo com os desejos e boas recordações de outros tempos.

De 22 e 30 de novembro, no Distrito Anhembi, o estande do CARDE no Salão do Automóvel contará parte da história de um dos maiores eventos da indústria automobilística, por meio de oito veículos icônicos: Volkswagen Kombi Turismo, Brasinca Uirapuru STV, Dodge Charger R/T, Volkswagen SP2, Volkswagen Gol GTi, Hofstetter, Ferrari F40 e Jaguar XJ220.

“São modelos realmente especiais que mostram o que habitava no imaginário dos apaixonados por carros nas décadas de 1960, 1970, 1980 e 1990. Tenho a certeza que, para muitos, ao verem esses automóveis frente a frente, muitas lembranças virão à mente. No CARDE vemos essas conexões todos os dias”, conta Luiz Goshima, diretor do museu em Campos do Jordão.

Jaguar-XJ220

Essas raridades, inclusive, estiveram presentes na mostra desde sua primeira edição, em 1960, como a Volkswagen Kombi Turismo, um tipo de Motorhome, para viagens em família.

A Kombi Turismo simbolizava o espírito de liberdade e descoberta que marcou a década. Produzida pela Volkswagen do Brasil, o modelo era baseado na consagrada Kombi, mas trazia detalhes voltados ao conforto e à experiência de viagem, como acabamento interno aprimorado e janelas panorâmicas que ampliavam a visibilidade. Equipada com motor boxer de 1.200 cm³ e tração traseira, unia robustez mecânica e versatilidade para encarar longas distâncias. Seu design simples e carismático, aliado à confiabilidade alemã, fez da Kombi  um verdadeiro ícone das estradas brasileiras, símbolo de companheirismo, aventura e da cultura sobre rodas que se consolidava no País.

Outro destaque na mesma década, foi a apresentação do STV Uirapuru, um dos mais espetaculares automóveis fora de série já fabricados no Brasil. Com cerca de apenas 70 unidades produzidas, em 1966 ele foi apresentado pela primeira vez em versão conversível pela STV, empresa que adquiriu o projeto da Brasinca.

Realizado no Pavilhão de Exposições do Parque Ibirapuera, em São Paulo, o Salão de 1966 revelou o Uirapuru, construída pela STV, Sociedade Técnica de Veículos Ltda., capitaneada por Rigoberto Soler, o novo modelo dividia os holofotes no estande da marca com mais outros três carros, entre eles, o inusitado protótipo Gavião. Sua principal característica estética, além da carroceria sem capota, era o uso de faróis dianteiros retangulares, atualizados. Equipado com um motor de seis cilindros, de 4.2 litros, de 162, 171 ou 177 cavalos de potência, dependendo dos opcionais de desempenho escolhidos, apenas dois exemplares foram fabricados.

Representando a mostra no ano de 1970, o mítico esportivo Dodge Charger R/T, de 1971, foi presença marcante no Salão do Automóvel quando mudou de endereço, inaugurando o Pavilhão de Exposições do Anhembi. Lançado em 1971, o Dodge Charger R/T tornou-se um dos grandes símbolos da era de ouro dos “muscle cars” nacionais. Com o poderoso motor V8 de 5.2 litros e 215 cavalos de potência, unia desempenho impressionante e som inconfundivel a um design de linhas agressivas e esportivas. Mais do que força e velocidade, o Charger representava atitude.

Em 1972, o SP2 foi a estrela do estande da Volkswagen no Salão. Produzida por um curto período, a linha de automóveis SP é considerada o primeiro projeto totalmente desenvolvido pela Volkswagen do Brasil. Com os estudos preliminares iniciados ainda no final da década de 1960, a fabricante buscava uma alternativa própria para competir diretamente com o Puma, esportivo brasileiro de grande sucesso. O SP2 chamava a atenção por seu perfil baixo e seus traços arrojados.

Volkswagen SP2

Disponível em duas versões, batizadas de SP1 e SP2, diferenciavam-se pelos detalhes internos e pela motorização utilizada, 1600 ou o inédito 1700, gerando 65 e 75 cavalos de potência, na devida ordem. Mesmo com a repercussão positiva em relação ao desenho do carro, o desempenho geral frente ao principal concorrente deixou muito a desejar, o que contribuiu para o seu fim precipitado. Um marco na história da indústria automobilística nacional, ganharia admiradores e entusiastas ao redor do globo, sendo cultuado até pelo museu da Volkswagen na Alemanha. Menos de 11 mil exemplares foram construídos entre 1972 e 1975, dos quais, 88, somente do modelo mais simples, o SP1.

Nos anos 1980, os olhos dos amantes da esportividade brilharam ao verem o lançamento do Volkswagen Gol GTi. Mostrado para os brasileiros pela primeira vez na edição de 1988, o Gol GTi, na sua inconfundível cor Azul Mônaco, foi o primeiro automóvel nacional equipado com injeção eletrônica de combustível. Disponível nas concessionárias a partir do ano seguinte, era, na época, o carro esportivo mais rápido produzido no País. O exemplar em exposição possui um motor de quatro cilindros em linha, de 2 litros, de 120 cavalos de potência, câmbio manual de cinco marchas e capaz de alcançar a velocidade máxima de 185 quilômetros por hora. Um divisor de águas na história da indústria automobilística brasileira e objeto de desejo entre os apaixonados pela linha VW.

Ainda na década dos nacionais especiais, o supercarro brasileiro Hofstetter, apresentado no Salão de 1984, representava uma das mais ousadas iniciativas da indústria automobilística nacional. Materializado por Mário Richard Hofstetter em 1975, o Hofstetter 001 que será exposto no estande do CARDE é um protótipo absolutamente singular no panorama automotivo brasileiro. Sua carroceria foi construída em tecido de fibra de vidro, enquanto o chassi, derivado de um protótipo de corrida da Divisão 4, recebeu uma estrutura multitubular em tubos de aço trefilado, revestida por chapas de duralumínio. O conjunto mecânico utilizava motor Cosworth Hart em posição central, câmbio Hewland e freios a disco nas quatro rodas.

Seu desenho original data de 1973, concebido por um jovem brasileiro de apenas 16 anos, que incorporou soluções estéticas e funcionais ousadas, inspiradas em protótipos contemporâneos como o Alfa Romeo Carabo (1968), do Studio Bertone, e a Maserati Boomerang (1971), de Giorgetto Giugiaro. Com apenas 99 cm de altura, o 001 adotava portas em asa de gaivota e faróis escamoteáveis, expressando o espírito experimental, técnico e visionário que marcaria a engenharia automotiva nacional naquele período. Posteriormente, o modelo passou por modificações para torná-lo mais adequado ao uso cotidiano, sendo apresentado ao público no Salão do Automóvel de 1984. Ao longo de sua produção artesanal, o Hofstetter teve um total de 18 unidades fabricadas.

A abertura das importações na década de 1990, trouxe para o Brasil referências ainda mais amplas, do que existia de mais moderno no mundo. E nada mais icônico que a Ferrari F40, um sonho sobre rodas que foi materializado no Salão. Um frisson, que virou notícia em quase todos os veículos de imprensa brasileiros e fez muitos visitantes gastarem rolos de filmes fotográficos. Marcou uma virada de página no acesso ao que existia de mais exuberante no setor automotivo mundial.

Apresentada em 1987, a Ferrari F40 foi criada para celebrar os 40 anos da marca e tornou-se um ícone absoluto entre os supercarros. Derivada do projeto 288 GTO Evoluzione, foi o último modelo desenvolvido sob a supervisão direta de Enzo Ferrari. Equipada com um motor V8 biturbo de 2.9 litros, capaz de gerar 478 cavalos de potência, atingia a velocidade máxima de 324 quilômetros por hora. Entre 1987 e 1992, pouco mais de 1.300 unidades foram produzidas, consolidando seu status como um dos carros mais lendários já fabricados.

Na década que marcou a chegada inédita dos superesportivos de representatividade mundial, o Salão do Automóvel de 1994 foi palco da apresentação do Jaguar XJ220 em solo brasileiro. Era derivado do protótipo criado em 1988 e apresentado em sua versão definitiva, de produção, em outubro de 1991. Era a aposta da Jaguar para entrar no competitivo mercado internacional dos supercarros. Equipado com um motor V6 biturbo, central, de 550 cavalos de potência, era capaz de atingir a velocidade máxima de 340 quilômetros por hora, tornando-se o carro de produção em série mais rápido do mundo em 1992. Aproximadamente 280 unidades foram construídas até 1994.

CARDE conta a história do Brasil tendo os automóveis como fio condutor

No meio de uma floresta preservada de araucárias na cidade de Campos do Jordão, a 170 quilômetros de São Paulo, o CARDE surge como um espaço dedicado à valorização da cultura e da história do Brasil, principalmente a do século 20, utilizando o automóvel como personagem principal. O museu traz uma forma única de contar os fatos históricos, já que muitos dos automóveis ali apresentados são mais que produtos para mobilidade — eles se tornaram parte da trajetória do nosso País.

Inaugurado em 28 de novembro de 2024, o CARDE já ultrapassou a marca de 90 mil visitantes. O museu é parte da Fundação Lia Maria Aguiar (FLMA), que conta com outras iniciativas na cidade de Campos do Jordão. É uma instituição independente e sem fins lucrativos, que há 17 anos desenvolve projetos nas áreas de arte, cultura, educação, saúde e desenvolvimento social.  Anualmente, mais de 700 crianças e adolescentes participam de cursos artísticos profissionalizantes nos Núcleos de Dança, Música e Teatro — que se tornam a porta de entrada para um mundo de oportunidades e possibilidades.

A FLMA conta ainda com o Núcleo de Saúde, gerido em parceria com o Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL), que oferece atendimento gratuito a alunos, familiares e colaboradores. São mais de 100 mil consultas, exames e procedimentos realizados por ano, incluindo o pioneiro serviço de hemodiálise na cidade. Por meio de parceria com a prefeitura, o núcleo também estende seus atendimentos à população local.

31º Salão Internacional do Automóvel de São Paulo
De 22 a 30 de novembro de 2025 – Distrito Anhembi – São Paulo/SP.

Rua Olavo Fontoura, 1209
Ingressos pelo site (www.salaodoautomovel.com.br)

Fotos: Divulgação CARDE

CARDE
Assessoria de Imprensa
Renato Acciarto
imprensa@carde.org / racciarto@gmail.com
Clara Heloisa Costa
claraheloisa@hotmail.com

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