Entre os problemas gerados pelo gigantismo estão, principalmente, a privacidade dos usuários e a tendência monopolista. Já se fala até em cisão induzida dos grupos, como aconteceu há um século na indústria do petróleo. Ou seja, de tempos em tempos, a história se repete.
No setor de mobilidade o cenário é um pouco menos exuberante. Acham, entretanto, que o conceito de propriedade de um veículo vai morrer em breve. E quase todos vão preferir usar aplicativos de transporte ou, simplesmente, alugar um carro por curtos períodos (até por horas). Nos EUA, por exemplo, o leasing é muito utilizado, mas nem por isso o desejo de posse de um automóvel considerado “seu” sofreu grandes abalos. Não há indícios de que isso mude tão cedo. Na Europa, compartilhamento parece mais palatável.
Vamos tomar o exemplo do Uber. Seu principal concorrente nos EUA, Lyft, decidiu antes abrir seu capital, porém suas ações desvalorizaram 30%. Uber até agora nunca teve um ano lucrativo, porém continua apostando em condução autônoma e assim independer de motoristas. Pouco antes de abrir seu capital na bolsa de Nova York, há cerca de um mês, a empresa foi cautelosa ao advertir que se trata de tecnologia cara, consome tempo de desenvolvimento e até admitiu deixar de alcançar todos os objetivos.
Esses “ataques de sinceridade” são normais nesses casos. Sua capitalização inicial foi inferior ao estimado, em parte por um momento ruim na bolsa nova-iorquina. Agora, contudo, se recuperou para algo em torno de US$ 60 bilhões.
Algumas vozes discordantes surgem sobre a real consequência no trânsito urbano. Estudo publicado há menos de um mês nos EUA mostra que piorou em São Francisco e em outras grandes cidades. A pesquisa concluiu que os diversos aplicativos concentram a demanda em áreas muito congestionadas e em horários de pico.
Aqui, também acontece. E usuários perceberam casos de ficar menos caro chamar um carro do que pagar a tarifa de transporte público. Isso se tornou explícito depois de o Uber “inventar” a modalidade Juntos, apenas a versão modernizada do antigo lotação em táxis ou veículos particulares.
Essas empresas de tecnologia, em geral, apresentam relacionamento com os clientes um tanto pusilânime. Em caso de reclamação se “escondem” atrás de comunicação somente por escrito, em troca de mensagens ou chats que parecem não ter fim. Contatos por voz, muitas vezes, são mais fáceis de resolver, mas procuram evitar a todo custo. Acaba por gerar irritação.
Experimente, por exemplo, apontar rotas inadequadas de aplicativos que tanto ajudam no dia a dia, mas que te levam ao lado errado da rua do seu destino. Período de lua de mel um dia acaba...
ALTA RODA
HYUNDAI dá pistas sobre a segunda geração do HB20, que deve chegar em outubro próximo. Espaço interno aumentará graças a 3 cm extras na distância entre eixos. Porta-malas também ficará um pouco maior. Novidade mecânica é o motor de 1 litro, turbo (120 cv) e injeção direta (hoje, indireta, menos eficiente). Atualização estilística chega depois de sete anos no mercado.
MOTOR turbo de 1,5 L e 173 cv (apenas a gasolina, não é ideal) tornou o Honda HR-V um dos três mais rápidos SUV compactos. Melhorias no acabamento, teto solar panorâmico e todas as luzes em LED destacam-se. Merecia conjunto de rodas exclusivo. Escapamento duplo diminuiu um pouco o porta-malas. Boa evolução no câmbio. Preço destoa: R$ 139.900.
VENDAS de automóveis e veículos comerciais leves e pesados ainda em ascensão. Nos primeiros cinco meses deste ano cresceram 12,5% em relação ao mesmo período de 2018. Os números foram ajudados pela recuperação forte de caminhões e ônibus. Presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Jr., avalia estagnação nas expectativas até a conclusão das Reformas.
FORD abriu o leque na sua oferta de modelos da linhagem FreeStyle. Para o ano-modelo 2020, o Ka hatch oferece agora motor de 1 litro e preço menor: R$ 56.690 (câmbio manual). No caso do EcoSport, ao contrário, há uma versão mais cara que vai de R$ 87.290 a 93.290. Cor preta está no teto, colunas, grade, molduras dos faróis de neblina e retrovisores.
VINTE anos no mercado de rastreamento veicular levou a Ituran a atribuir o maior avanço neste setor ao recurso de Big Data. Análise e interpretação de grandes volumes de dados, de modo contínuo, acelerou o processo de localização e recuperação de veículos furtados ou roubados. Também ajudou na precificação menor do seguro pela precisão das informações.
* Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967. Engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada em O Brasil Sobre Rodas, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas.
É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra).
Siga: www.twitter.com/fernandocalmon - www.facebook.com/fernando.calmon2.
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