quinta-feira, 3 de maio de 2018

ALTA RODA.
Por Fernando Calmon*

SUPERLATIVOS CHINESES


Maior mercado mundial de veículos está na China. Aproxima-se neste ano das 30 milhões de unidades vendidas – volume cerca de dois terços maior que o segundo colocado, os EUA – e continua apostando em crescimento nos próximos anos, mas a um ritmo menor. A frota circulante passou dos 200 milhões de veículos leves e pesados e só perde (por enquanto) para os EUA que se aproximou de 280 milhões no ano passado.

O crescimento espantoso do mercado chinês vai além da pujança econômica dentro de um regime interno politicamente fechado, de partido único. Apesar de números fabulosos, a densidade da frota é de apenas 6,5 habitantes por veículo, contra 4,8 no Brasil e 1,2 nos EUA. Por essas referências novos clientes deverão comprar mais carros, especialmente no interior do país, pois as grandes metrópoles chegaram perto da saturação e com altos índices de poluição do ar.

Dois movimentos recentes apontam para novos rumos. Marcas estrangeiras poderão atuar sem necessidade de ter sociedade de 50% com algum grupo local. É uma leve abertura, mas faltam sinais de que alguma empresa automobilística vá arriscar. Há ainda forte subsídio financeiro a carros elétricos puros, mas o governo já avisou que em 2020 serão suprimidos. Também lá o dinheiro acaba...

O Salão do Automóvel de Pequim, aberto ao público domingo passado, vai até 4 de maio e refletiu tendências mundiais. A exposição tem crescido de importância e se alterna com Xangai ano a ano. SUVs e tração elétrica chamam a atenção, como em outras exposições. Marcas ocidentais e orientais de tradição internacional elegem os salões chineses para lançamentos importantes. BMW, por exemplo, mostrou o protótipo da primeira a versão elétrica do X3. Vendas a partir de 2020 e produzido com a sócia local Brilliance também para exportação a Europa e EUA. 

Desta vez, entre estreias mundiais, destacaram-se o inédito Mercedes-Benz Classe A sedã (apresentado com maior distância entre eixos, exigência do mercado local para este e outros tipos de carroceria) e novas gerações do VW Touareg, Ford Focus (hatch e sedã) e Lexus ES entre outros. Até o SUV Audi Q5 surgiu com entre-eixos longo só para agradar o comprador chinês. Ele exige e paga para ter conforto extra, mesmo que motorista e no máximo um acompanhante circulem nas cidades a maior parte do tempo, a exemplo de outros países. Talvez tenham medo de um dia o governo exigir três ou quatro passageiros no uso urbano...

Caoa Chery confirmou os produtos que vai lançar ainda este ano no Brasil. O sedã Arrizo 5 (bem próximo em dimensões ao Corolla) será feito em Jacareí (SP) e os SUVs T4 e T 7, em Anápolis (GO). Em rápida avaliação na pista de testes da fábrica chinesa, em Wuhu, o Tiggo 4 (4,34 m de comprimento, pouco maior que o Nissan Kicks) mostrou comportamento “esportivo” por ter suspensão firme. Tiggo 7 (comprimento de 4,50 m, entre Jeep Compass e Honda CR-V) oferece acerto suave e inclina mais nas curvas. 

Segundo Marcio Alfonso, presidente da Caoa Chery, haverá acertos específicos para o mercado brasileiro. Motor turboflex de 1,5 L terá 150 cv com etanol, potência maior que a oferecida na China. Os câmbios de ambos serão automatizados.

RODA VIVA



APESAR de a Toyota até agora só ter divulgado com afinco o Yaris hatch, sua estratégia internacional é sempre apresentar simultaneamente o sedã derivado. Acontecerá também no Brasil agora em junho: as duas versões estarão juntas no lançamento à imprensa e terão motor de 1,5 litro do Etios. O sedã estará nas concessionárias em agosto, um mês depois do hatch.

ÊNFASE inicial menor no sedã Yaris foi para inibir impacto antecipado sobre vendas do Corolla. Afinal, os dois sedãs terão dimensões próximas. Mas estratégias de preço serão compatíveis. Essa “administração” já ocorre entre Honda City e Civic e também se estabelecerá entre VW Virtus e novo Jetta. Este estará à venda em outubro (fábrica corre para antecipar).

EDIÇÃO especial Night Eagle do Jeep Compass tem preço compatível – R$ 150.490 ou R$ 4.000 extras – pelo que oferece a mais sobre a versão Longitude. Como o nome da versão sugere, cromados foram substituídos pela cor preta. Esta aparece também nas rodas e acabamentos internos. Sistema de som Beats completa o pacote. Visual agradável e coerente.

PLATAFORMA digital K-Commerce, desenvolvida pela Renault e SAP Brasil (empresa alemã de softwares de gestão) para comercialização do Kwid, atendeu não apenas demandas de consumidores adeptos de tecnologia. A fabricante espera obter ajuste fino de produção, em mais alguns meses, para ter pronta-entrega sem sobrecarregar estoques nas concessionárias.

ANFAVEA voltou a apoiar este ano o movimento Maio Amarelo, do Observatório Nacional de Segurança Viária. Ênfase se concentrou nas pessoas que fazem o trânsito. Peças de divulgação (vídeos, spots, posts e artes para mídia impressa e cartazes) são simples, porém bem criativas. Conteúdo pode ser baixado e compartilhado sem custos: www.maioamarelo.com/2018-nos-somos-o-transito.



Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br - é jornalista especializado desde 1967, engenheiro, palestrante e consultor em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. Sua coluna Alta Roda começou em 1999. É publicada no Coisas de Agora, WebMotors, Gazeta Mercantil e também em uma rede nacional de 52 jornais, sites e revistas. É, ainda, correspondente para a América do Sul do site Just-auto (Inglaterra). 
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